23/02/2010

Planejamento Coletivo: uma ideia, alguns encontros, a prática.



Professores da Rede Municipal de Ensino: Um exemplo de compromisso e determinação.

A Prefeitura Municipal de Montes Claros, através da Coordenadora pedagógica, Nailde Ramalho, realizou nesse início de ano o encontro de professores da Rede para discussão, análise e sugestão de conteúdos que deveriam ser trabalhados no 1º Trimestre de 2010.

Convidada a ser coordenadora de área, senti-me imensamente feliz por dois motivos: as Professoras articuladoras que estavam à frente dos trabalhos de Língua Portuguesa tinham sido Cursistas do Gestar e presenciei o que já era fato para todos nós: os outros professores das Escolas Municipais também apresentavam os TP’S e AAA”s - envolvidos pelo sucesso do programa - como referência para os planejamentos.

Foi um momento ímpar. Todos tinham conhecimento do Curso de Formação e aqueles que não tiveram oportunidade de fazer ou não conseguiram concluir, solicitaram que fosse repassado o curso novamente. Disse a eles que agora dependeria da Secretaria de Educação daqui e que via muitas chances disso acontecer, uma vez que a referida Secretaria está bastante empenhada em elevar os índices de aprendizagem escolar. Como compromisso, passei uma lista provisória dos interessados para levantarmos a demanda e agendarmos uma reunião posterior com a Secretária de Educação, a Srª Mariléia.

A abertura dos trabalhos aconteceu com a fala da Secretária que mostrou os pontos fortes dos educadores e enalteceu o esforço e contribuição que cada um proporciona para a Rede Municipal. Ressaltou a importância do Projeto Pedagógico como resultado de uma construção coletiva e que "a questão de ler e escrever deve ser de todos nós, educadores." Concordo plenamente com ela.

Em seguida, tivemos uma brilhante palestra com o Pe Avilmar. Sempre falando verdades que às vezes alguns não querem ouvir, discorreu sobre o modo e desafios que cada um tem ao enfrentar o que escolheu para sua própria vida, lembrando ainda que "o problema não está na educação, está nas intenções perversas das pessoas". Sábias palavras! Reflete exatamente a nossa realidade.

A partir do terceiro dia, deu-se início ao Planejamento Coletivo propriamente dito. Os professores formaram equipes e discutiram o que seria mais adequado a cada série, selecionando ainda atividades que fariam parte do Eixo Integrador, com ênfase à dengue, doença que vem se agravando em várias partes do Brasil e em específico, Montes Claros.

No quinto dia, os trabalhos foram concluídos para que fizéssemos o Condensado das sugestões. Estamos agora aguardando a conclusão dos trabalhos para que cada professor tenha em mãos os registros do que foi sugerido por eles mesmos.

Aproveito a oportunidade para agradecer o apoio e ajuda das Professoras articuladoras: Daiane Andrade, Elizabete Rodrigues, Leila Maria e Valéria Rodrigues -exímias profissionais - com quem pude dividir os anseios, dúvidas e fazer realmente um trabalho em equipe.
Agradeço ainda a Cássia Regina Alves e Sandra Maria Flávio, da Secretaria Municipal de Educação, pelo incentivo e confiança.
Abaixo, algumas fotos marcantes do encontro:

Professoras articuladoras do Planejamento Coletivo: Daiane Andrade, Leila Maria, Bete Rodrigues e Valéria Souza: Grandes profissionais da Rede Municipal (Da esquerda para a direita).










Mais um grupo de professores nota 1000, ao final das atividades.







Momento descontração: Bete, Valéria (ladeadas por mim), Daiane e Leila Maria.




Equipe 100% da SME (Secretaria Municipal de Educação): Professor Minervino (Coordenador da área de Inglês), Profesora Shirley (Coordenadora de Matemática), Fá, Jose, Meriele e Roberta(Coordenadora de Ciências).








Coordenadores de História: Tião e Nailde Dorisdei.

19/02/2010

O voo da águia

Affonso Romano de Sant'Anna

Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo "propostas para um novo milênio", como o fez Ítalo Calvino. Mas às vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:
"A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.
Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.
Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.
A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos."
Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o titulo geral é "Renovação".
Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz.
Este texto vale mais que mil ilustrações.
Sei como é difícil uma nova ou surpreendente idéia para cartão de fim de ano. Mas esse, além de bater fortemente em nosso imaginário, dispara em nós uma série de correlações e desdobramentos.
A abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão." ·
Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.
Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.
Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.
O ano está começando.
Mais grave ainda: um século está se iniciando.
Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando.
Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.
Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!... a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.
Pois bem: "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil." ·
Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.
Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.
Então a águia, digamos, acabou de descasar.
(Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)
Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego.
(Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)
Então, a águia, digamos, acabou de mudar de país.
(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)
Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido.
(É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)
Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência.
(Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)
Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice.
Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar.
Época de metamorfose.
Os estudiosos da metamorfose dizem que não apenas larvas se transformam em borboletas. Para nosso espanto as próprias pedras passam também por silenciosas metamorfoses.
Enfim, parece que estamos condenados à metamorfose. Morrer várias vezes e várias vezes renascer. Até que, enfim, cheguemos à metamorfose final, onde o que era sonho e carne se converte em pó.
Mas que fique sempre no azul o imponderável vôo da águia.

Texto extraído do jornal "O Globo", Segundo Caderno, edição de 03/01/2001, p. 8
- In: CD do Gestar II -

GESTAR II - A prática é agora...

Após a temporada (rs) do carnaval, finalmente iniciaremos o ano letivo. É o momento certo para colocarmos em prática todas as atividades vistas e sugeridas pelo material do Gestar II (Programa Gestão de Aprendizagem Escolar).
Então, mãos a obra!
E que tenhamos bastante sucesso na caminhada!
Abraços,
Sheila.