25/09/2011

Show de Chinês no Quintal‏

Você gosta de boa música?
Show ao vivo?
Então não pode perder!
Nesse sábado, 01/10/11, a partir das 20h, no restaurante Quintal, com o nosso grande amigo, Chinês.
Você não vai ficar fora dessa, não é mesmo?????
Sheila Revert.

13/09/2011

Um abraço ao passado de Montes Claros!

João Valle ao Luar!
Viajando pelas Minas Gerais: Um abraço ao passado de Montes Claros!

Os alunos da EJA da E.M.João Valle Maurício, sob a coordenação dos professores Vanessa e Fabrício, apresentaram neste dia 13/9 o "João Valle ao Luar"!

Foram momentos iluminados , tendo a lua como pano de fundo! Foram muitos "causos" contados pelos próprios alunos.

A professora Vanessa esclareceu aos presentes que todos aqueles causos foram retirados do livro
"Janela do Sobrado", sendo considerados uma autobiografia de João Valle Maurício, passando por todas as fases da vida dele: infância, amigos, trabalho, casamento...
Lembrou ainda que ontem, dia 12/9, foi o "Dia da Seresta".

O professor Fabrício convidou aos presentes a olharem o céu e apreciarem a lua e, sob esse encantamento, juntamente com a professora Vanessa e alunos da EJA, presentearam a todos com várias músicas de serestas e um pot-pourri folclórico. "Amo-te muito", "Luar do Sertão", "Peixe-vivo", foram algumas das canções que relembraram a Montes Claros de outros tempos!



























































































Causos contados pelos alunos, Professora Vanessa e vice-diretora Deusdete:

Causo I Nélson Vianna e seu Bebeto – aluno Deivid

Causo II Dr.Nélson Viana e seu Xará Nelson de Castro- Elaine

Causo III Leite dos Bois- Eva

Causo IV Luz elétrica e a Catedral Elisabeth

Causo V Férias na cidade natal- Fabrício

Causo VI O Cururu e o Curió- Gilcélio

Causo VII O meu casório- Deusdete

Causo VIII Minhas Paixões: Medicina e Política - Vanessa

Causo IX FADIR Faculdade de Direito - Andrea

Causo X FADIR Faculdade de Direito - Mais um causo - Rosilene

Causo XI Mário Ribeiro, o Marão - Andreony

Parabéns Professores, alunos e direção!!!!

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O Cururu e o Curió

Estou ouvindo bater de caixas nos escuros da rua de Baixo a casa de Maria Custodinha, o Zé é o marido dela. São os ensaios para as festas de agosto. Festa pra vivente nenhum botar defeito. Tudo para render graças a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e ao Divino Espírito Santo. O Zé organiza o terno de São Benedito, eles cantam:

Oi João, vamos apanhar limão.

Oi João, vamos apanhar limão.

Lá saiam o Zé da Custodinha, o Manuel Turíbulo, o João do Laranjão, o Zé Bonezão e o Curió, um barbeiro-cabeleireiro muito querido em nossa terra.

Não sei como o Curió arrumou este nome. Ele atendia homens, mulheres e crianças. Muito famoso na cidade. O salão ficava na rua Bocaiuva. Tinha bom movimento. A notícia correu: Curió criou uma loção para acabar com a calvície. Era o fim dos carecas na cidade, fazia nascer cabelo até em cabeças lisas iguais a ovo de galinha velha. “Mas o que é que o Curió bota nessa loção?”

“Não sei não, mas dizem que é babosa, misturada com mutamba, óleo de peixe e cheiro de manjericão.”

“Conversa fiada, peixe não tem cabelo.”

“Só se fosse óleo de bode, esse sim é cabeludo.”

O que sobrava da preparação da loção, Curió jogava no buraco do assoalho da sua casa velha. Trabalhava no escondido, não queria que soubessem de sua fórmula mágica.

Um dia, após uma chuva, todos ouviram uma algazarra de meninos na porta do salão de Curió. Todos foram ver o que era. Para surpresa de todos, lá estava um baita de um sapo cururu, com as costas cheias de cabelo, provavelmente resto do que Curió cortava e caía no assoalho. O cabeleireiro esperto logo gritou: “Viram como minha loção funciona!” Desse dia em diante a loção de Curió não dava pra quem queria.

O meu casório

O Ginásio Municipal ficava na avenida Coronel Prates, onde há pouco tempo ainda era a prefeitura. Me lembro dos alunos: Geraldo Borém, Darcy Ribeiro, Konstantin, Padre Murta. As moças estudavam no Colégio Imaculada, que ficava na mesma avenida. Nunca fui muito bem sucedido nos namoros, mas era comum que os rapazes do Ginásio namorassem as moças do Imaculada.

Naquela época, as terríveis dores de dente que sofri, quando menino, não me deixaram saudade. Parecia castigo. Ir ao dentista bom era coisa para as famílias mais favorecidas. Lembro do meu amigo Duzinho que foi a um dentista açougueiro. Quando deitou na cadeira foi surpreendido pelo botica forte, que o imobilizou e arrancou o dente, pena que o dente doente estava do outro lado. O dentista disse: “ Não faz mal, eu arranco o outro também e só cobro um.” Limpeza de dente se fazia com sabão de coco, cinza e folha de goiaba. Ninguém conhecia escova de dente. Banguelas e desdentados era comum. Todo mundo aceitava a feitura própria e dos outros. Não atrapalhava os namoros e os casamentos. Mas no meu caso atrapalhou. Quando rapaz, tive um dente que um dentista açougueiro quebrou, ficou só um pedaço. Um dia, meio dolorido com esse dente, fui ainda a uma festa. Tentei dar um beijo em uma prima. Assim na valentona. Ela não aceitou e no meio do pega-pega acabei esbarrando meu dente no dela. Perdi o beijo, a namorada e o dente. Fiquei tempo sem poder assobiar.

Tempos futuros, em 1946, já formado e voltei da capital, precisava fazer um pé de meia. Pensei comigo: “Preciso ficar solteiro uns cinco anos.” Mas o destino me reservou uma peça. Fui convidado para lecionar Física, Química e Biologia no Ginásio. Na secretaria, trabalhavam as filhas do diretor. Entre elas Milene Antonieta Coutinho, que era aluna da turma. Eu e meus amigos, recém-formados e chegados da capital seguíamos nas noitadas de farras. Ganhamos fama de perdidos. Milene, mostrando que tinha sangue dos Ribeiro, não me dava confiança.

No clube dos bancários, em cima da loja Jabur, houve uma festa primavera para eleição da rainha. Eu e primo dela Simeão Ribeiro trabalhamos, sem que ela soubesse, para ser eleita rainha. E assim aconteceu. Como prêmio de cabo eleitoral, ganhei a atenção dela. Tomei umas doses de uísques para criar coragem e no meio de uma dança disse: “Vou me casar com você.” Assim começou o namoro. Casamos em 1949, na rua Doutor Santos. Estamos juntos há 41 anos. Temos quatro filhas.: Mânia, Nair, Vitória e Liliane, nove netos e dois bisnetos. Da minha parte não restam dúvidas, começaria tudo de novo. Não estou tentando agradar, na minha casa, a última palavra quem diz sou eu: “Sim ,senhora.”

"Causos" de João Valle Maurício, (In: Janela do Sobrado), gentilmente enviados pela professora Vanessa.

11/09/2011

Poemas...Poemas...Poemas...

O CORETO DA PRAÇA
João Valle Mauricio

O tempo não para. É infinito

Depressa vai correndo

E os dias gotejando no passado

Gotejando, gotejando, gotejando . . .

Um a um, vão morrendo

E vão formando um mundão de recordação.


Tenho saudades do coreto da Praça

Não era bonito

Modesto e de muita singeleza

Mas nesta simplicidade estava toda sua beleza.

Na poeira do largo eu brincava

Avançava feliz contra o redemoinho

Avançava sorrindo levando uma peneira

E tentava apanhar o “Romãozinho”.

Nunca o apanhei

Será mesmo que ele existe?

Pode ser. Eu não sei . . .

Lá na torre o sacristão tocava o sino

Eu não gostava da sacristia

Tinha medo de lá entrar.

Era escura, misteriosa e fria

E o sacristão?

Era um defunto vivo?

Bem que parecia:

Sapato preto, roupa preta, gravata preta,

Camisa branca e cabeça branca

Amarelo, cor de terra, triste de fazer dó.

Um dia ele não veio tocar o sino.

- O que foi que aconteceu?

Foi que ele morreu

Será que foi para o céu?

Se foi, bem mereceu.

O coreto era cercado de magnólias

Tristes, raquíticas, sem nobreza

Sem flor e sem verdor

Mas ele tinha sua graça

Largado, sozinho, no meio da praça.

Quando a noite caía

Ele vivia nas retretas

E a “Euterpe”, em dobrados de harmonia

Dava movimento à praça, dava a todos, alegria.

Os namorados, nas noites de luar

Juntos, felizes, em serestas

Surgiam em grupos a cantar:

“Lua, vinha perto a madrugada

Quando em ânsias minha amada

Em meus braços desmaiou . . .”

No coreto viviam as andorinhas

Carinhosas, amorosas, escondidas nos beirais,

E ao cair da tarde voavam

Voavam em coreografias magistrais.

A praça era tudo para nós

Na poeira vermelhas ou lamaçal das chuvas

A meninada brincava:

Jogo de bola, jogo de finca

Jogo de pião

Da cabra cega

E o sacrifício de Judas na Aleluia.

O tempo levou o coreto

A majestosa palmeira

Também o tempo levou

Nas surdas pancadas do machado

O velho tronco tombou

A correnteza dos dias levou os meninos

Levou todos, levou nossa alegria

Hoje estão de cabeças brancas

Como branca era a cabeça do sacristão.

Os pássaros pretos, da palmeira

Não mais cantaram

Para outras praças, para outros coretos

De pequenas cidades

Bateram asas, também voaram.

Voaram para longe as andorinhas

Os namorados não mais cantam modinhas.

No turbilhão do tempo correndo

Correndo sem graça, imprudente e permanente

Já não se ouve mais

A suave melancolia

Do velho sino da matriz

Badalando: dom – dom – dom

Ave Maria!

Bela Doida sem juízo e sem roupa

Corria na enxurrada, chuveiro de Deus.

Era festa na Praça:

- Olá, Bela Doida – gritavam os meninos

E ela bonita, esbelta e nua corria . . .

- Ah! Ah! Ah! – Gargalhava

Alegria, alegria

Alegria de louca. Alegria verdadeira.

Onde foi Bela Doida?

O coreto

A palmeira e minha mocidade?

Coreto da minha praça

Que tanta saudade deixou

Seu lugar ficará, eternamente

Na memória desta gente

Que esta cidade criou

Receba minha homenagem

Em afirmação de amor

Pois quando vejo o jardim de hoje

Encontro sua imagem:

Em cada flor!





















Palavras vazias - João Valle Maurício

Palavras vazias

Num mundo vazio.

Palavras

Clamando justiça,

Rogando perdão,

Chorando sem fé.


Palavras

Pedindo amor,

Esperando

Orando

Compreensão.


Palavras

Voando confusas;

Alucinadas

Em multidão.


Palavras vazias

Num mundo sem formas,

Sem perfume

Sem beleza,

Sem calor...


Mundo que segue

Sempre girando,

Sempre perdido

Eternamente envolvido,

Em nebulosa de dor...


Palavras sem formas

Em todas as línguas

Em todas as bocas

Em todas as cores.

E os homens falando

Sempre falando.

E ninguém escutando.


O som das palavras

Não tem ressonância

É Babel de mensagens

Ganhando distância

Voando sem eco

Pelo mundo afora.


E os homens perdidos,

Sofridos,

Desesperados, angustiados,

Falando, sempre falando

E o mundo girando,

Sempre girando,

Sempre mais frio.


Palavras sem formas

Num mundo vazio!







































Doutor Coração (Tributo a João Valle Maurício) - Téo Azevedo

Foi no dia vinte e quatro

Mês de abril que ele nasceu

Foi no ano vinte e dois

Montes Claros aconteceu

Apelidado Mauricinho

Esse grande amigo meu.


No ano quarenta e seis

Foi a sua graduação

Formou-se na federal

Com muita dedicação

Nas terras de BH

Nosso doutor Coração.


No ano cinqüenta e oito

No meu verso improvisado

Na eleição da cidade

O vereador mais votado

E presidente da Câmara

Num trabalho muito honrado.


Fez muito por Montes Claros

Com a maior dedicação

Defendia a pobreza

Lutava feito um leão

E dentro de seus projetos

Água, luz e educação.


Até o Conservatório

Ajudou a implantar

E o Distrito Sanitário

Um trabalho exemplar

E o nosso Prontocor

Ele ajudou a fundar.


E a primeira jornada

De caráter cultural

Presidente da Aliança

Renovadora Nacional

Secretário de saúde

Do governo estadual.


E foi um dos fundadores

Presidente e Reitor

Da Fundação Norte-Mineira

De ensino superior

Direito e Medicina

Foi criação do doutor.


Administração e finanças

Incorporou a FAFIL

O Patrimônio da Unimontes

Em sua luta foi febril

Um guerreiro do Cerrado

Relíquia do meu Brasil.


Um fazendeiro letrado

E gênio da poesia

Meu parceiro musical

Um médico de garantia

Adorava uma seresta

Como um sol de um novo dia.


É autor de vários livros

Eu começo com “Grotão”

“Tapioca” foi mais um

De uma grande expressão

E “Pássaros na Tempestade”

Comoveu meu coração.


“A rua do vai quem quer”

E a “Janela do sobrado”

Também “O beco das vacas”

Um trabalho caprichado

Inédito, “Rua de baixo”

“Caraíbas”, tá encerrado.


Ao lembrar de Mauricinho

Caem as Lágrimas ao Luar

Canta Carlos e Beatriz

Pra o sonho não acabar

O poeta da seresta

É eterno no cantar.


Do nosso Lions tropeiro

Foi um sócio fundador

Também foi seu presidente

Um trabalho de valor

Sua marca registrada

Era ser trabalhador.


De várias academias

Foi um membro muito honrado

A Letras de Montes Claros

E a Letras do estado

Academia de Medicina

Tem o seu nome cravado.


A “Janela do Sobrado

Sua coluna de jornal

Onde fazia suas crônicas

De maneira sem igual

Contava contos e causos

De uma forma genial.


Dona Milene Coutinho

De Maurício a companheira

Uma esposa fiel

Ao seu lado a vida inteira

Também uma folclorista

Da terra norte-mineira.


Um grande pai de família

Deixou o nome na história

As suas filhas queridas

A Mânia e Vitória

Tem Nair e Liliane

É um quarteto de glória.


Desse vazio tão grande

Saudade vira canção

E nas chagas do Cerrado

Ser médico a profissão

De de São Francisco

Nosso doutor Coração.


Na raiz da poesia

A viola é meu abrigo

Posso ter adversário

Mas não tenho inimigo

E o que mais me machuca

É quando perco um amigo.


E quando isso acontece

É um desespero anormal

A gente entra em fossa

De maneira sem igual

E se é amigo da arte

O sofrimento é total.


Foi no dia vinte e três

Dois mil, numa terça-feira

Era uma manhã de março

Uma terra hospitaleira

Cidade de montes Claros

Capital norte-mineira.


Falo do doutor Maurício

Poeta e folclorista

Escritor e grande amigo

Seresteiro e cronista

Um mestre do coração

Um grande cardiologista.


Defendia a cultura

Do Brasil terra da gente

E tudo que ele fez

Provou ser muito competente

Foi um ser tão caprichoso

Que não sai da minha mente.


Ajudou minha família

E muita gente no sertão

Era um grande repentista

Fazendo improvisação

Meu cordel é um tributo

A esse grande cidadão.

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Agradeço imensamente ao Professor Sebastião Abiceu da Secretaria Municipal de Educação pelo empenho ao enviar-me o tão esperado poema "O coreto da praça".

10/09/2011

Lançamento livro: Poetas ilustres - Dário Cotrim

O poeta , escritor e historiador Dário Cotrim lançará o livro "Poetas ilustres - In memoriam" - em Montes Claros/MG.
Dentre os grandes homenageados, João Valle Maurício.

Entre as inovações do escritor, este numerará e autografará cem exemplares.

Vale a pena conferir!


João Valle Maurício a frente do Coreto da Matriz. Dentro do coreto. o Grupo de Seresta "Lágrimas ao luar".

O Coreto da praça da Matriz, com frase de Américo Martins Filho, grande amigo de João Valle Maurício. Foto que será usada como "souvenir" na Feira Literária.
















Fotos do Casarão dos Versiani-Maurício, com trechos do poema "Sobradão", do nosso autor, publicado no livro "Janelas do Sobrado".


















08/09/2011

Galeria da Saudade!!!!

Foto histórica: Lançamento do livro Grotão, com Nelson Vianna, em 1962.

Acima: Coronel Georgino, Dr. Jason, Dr. Konstantin Cristoff e o nosso João Valle.

Fotos tiradas em frente ao antigo mercado municipal (Praça Dr. Carlos), 1940.

Pastas: Material sobre a vida do nosso escritor, gentilmente cedido por D.Milene Coutinho, dedicada esposa de João Valle Maurício.

1- Construção antiga na R. do Marimbondinho, (Hoje Altino de Freitas),com entrada moderna de luz e T.V.(12/5/94); 2- Com o time do Ateneu, em 1950 (Em pé: Oswaldo Antunes, Rui Braga, Francolino Santos, Pedro Santos, Hoslokes e Abel/ Abaixo: João Valle, Mário Ribeiro, Oto Tristão, Jason Teixeira, Deusdará). Ao lado, algumas de suas medalhas, recebidas ao longo da vida!

1-(Em cima)- Wanderlino Arruda, Dário Cotrim, João Valle e D.Milene, D.Ivonne e Olynto Silveira. Abaixo: Cyro dos Anjos, Haroldo Veloso, Wanderlino, Olintho Silveira e Maurício. Ao lado, o amigo Cândido Canela.





Acima: Cícero Dumont, o então governador Israel Pinheiro assinando a transferência do Casarão da FAFIL (que já pertencia ao Estado), para a Unimontes, a pedido do Dr. João Valle, Raul Bernardo, Nelson de Sena Maurício e Konstantin. Na sequencia, ao lado de Dr. Ivo Pitangui-seu colega de classe- e Srª.Morethon. Sr. Vivaldi Moreira - Presidente da Academia Mineira de Letras e em plena campanha política, em 1958.

Abaixo, João Valle em alguns momentos bem marcantes: com o pai, como médico,caricatura de Márcio Leite,seus livros e LP e em frente ao coreto, com o Grupo de Seresta ao fundo.

05/09/2011

Entrevista: D.Milene Coutinho Maurício











D. Milene Coutinho Maurício é professora,museóloga,pesquisadora e folclorista.Em entrevista exclusiva e informal à professora Sheila Revert nesta Segunda-Feira, ela falou do escritor, médico e companheiro de tantos anos, João Valle Maurício.

SHEILA -Quem foi João Valle Maurício?

D.MILENE-Amigo nas horas difíceis, poeta nato e sua maior característica foi ter sido apaixonado por Montes Claros. Pai extremamente carinhoso, fez poema para todas as filhas, quando estas completaram 15 anos. Américo Martins Filho bem o definiu como "o homem que tem a cara de Montes Claros".

SHEILA - Qual foi o motivo do falecimento dele?

D.MILENE - Tempos atrás era mais difícil a descoberta de remédios e as crianças brincavam muito em água de rio. Havia proliferação do esquistossomose ou Schistosoma Mansoni, e ele veio a falecer justamente por causa dessa doença.

SHEILA - Qual a melhor definição para os "causos" do João Valle Maurício: Verdade ou ficção?

D.MILENE- Verdade. São fatos que realmente fizeram parte da vida dele.

SHEILA - Então ele conviveu com muitos personagens dos livros, inclusive em seu consultório médico?

D.MILENE - Sim. São personagens reais, personagens vivos. Naquele tempo, as pessoas eram muito simples, faltava-lhes quase tudo e ele, o Maurício, sempre deu muita atenção a todas elas.

SHEILA - E quanto à política? Pelas crônicas percebe-se às vezes uma ponta de decepção e até mesmo de ingenuidade...

D.MILENE - Sim, muita tristeza, principalmente em se tratando da época em que ele foi Reitor da Unimontes. Como não podia distribuir as verbas como alguns da Faculdade de Medicina queriam, estes participaram de movimento de greve. Era momento de reeleição, ele era conduzido por quatro governadores, mas por causa disso, não continuou frente à Universidade. Ficou a decepção, a falta de reconhecimento, a mágoa...

SHEILA - Enquanto vereador de Montes Claros, João Valle lutou pela melhoria da água distribuída na cidade e fez sanitários para os feirantes no velho mercado da praça...

D.MILENE - Ele foi vereador de Montes Claros por quatro anos seguidos e isso foi inédito na época. Ele empenhou-se bastante pela cidade.

SHEILA - O livro Taipoca teve ilustrações em xilogravura feitas pela Srª. De que forma participava do lado literário do esposo?

D.MILENE - Participei desde o princípio. Ele escrevia tudo a mão e era eu quem datilografava todos os trabalhos. Nada saía daqui de casa sem que eu revisasse. Tudo era lido para mim, inclusive, eu não deixava que nada saísse daqui muito indecente, na verdade, eu fazia a censura... [risos]
Muito tempo depois, ele contratou uma secretária que vinha diariamente.

SHEILA - Qual(s) música(s) mais gostava de cantar?

D.MILENE - Ah, ele gostava muito de música, daí ter sido o patrono do grupo de seresta "Lágrimas ao luar". Cantava muita música romântica:"Eu sei que vou te amar..." Sempre dizia que gostaria de ter composto a música "A noite de meu bem". Esta era a sua preferida!

SHEILA - Até quando morou no casarão?

D.MILENE - Ele morou a vida inteira, desde criança, até o momento que os tios foram para B.H.

SHEILA - A Srª também morou no casarão?

D.MILENE - Não, não morei no casarão.

SHEILA - A Srª publicou um livro em que brinda os leitores com um marca texto inovador: um vidrinho contendo "Terra de Montes Claros"...

D.MILENE - Sim, inclusive aquela terra é originária do Casarão dos "Maurício". Quando este estava sendo restaurado, solicitei que retirassem para mim.

SHEILA - A Srª conhece a E.M.João Valle Maurício?

D.MILENE - Sim. Fui lá no dia da inauguração. Quando a escola recebeu o nome de "João Valle Maurício".

SHEILA - Uma mensagem para nossa Comunidade Escolar?

D.MILENE - A escola está de parabéns em reviver a história do seu patrono. Quisera todas as escolas fizessem assim, pois é muito importante conhecer a identidade, a história da própria escola...

SHEILA - Agradecendo por ter nos recebido, queremos convidá-la participar conosco das homenagens que faremos ao escritor João Valle Maurício.

D.MILENE - Será um prazer!

- ABRAÇOS -

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As preferências do escritor João Valle Maurício:

Um ping-pong repleto de saudades...

*Local em que mais gostava de trabalhar: Hospital
*Passagem Bíblica de que mais gostava: Cânticos de Salomão - Salmo 1 "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam, se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigia a sentinela."
*Cidades preferidas: Montes Claros e Diamantina
*A roupa preferida: Terno (Era considerado um dos homens mais elegantes de Montes Claros).
*Comida preferida: Frango ao molho pardo.
*Doce preferido: Ambrosia
*Fruta preferida: Pitanga (Tinha mais de 200 pés em sua chácara)
*Animais: Cachorros e pássaros
*Esportes preferidos: Praticou duas modalidades: Futebol pelo América/BH - e nadador pelo Minas Tênis Clube (Foi campeão de natação).
*Hoby: Pescaria

"Estas palavras são do poeta João Valle Maurício que com a sua sensibilidade e amor à Natureza, preza a liberdade dos pássaros como preza a liberdade dos homens".
*Música preferida: A noite do meu bem.

Foto:D.Milene com seu tataraneto Bernardo Maurício/www.connect.com.br
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Nota: Agradeço imensamente a D.Milene por ter me recebido em sua residência, pelos materiais - fonte de pesquisa - relativos ao seu esposo, Dr.João Valle Maurício e pelas palavras de carinho e incentivo a mim dirigidas. Este blog, D.Milene, é um espaço permanente para homenagear a quem faz mais pela nossa cultura.
Um abraço,
Sheila Revert.

02/09/2011

Biografia - João Valle Maurício

*Nasceu em Montes Claros(MG), em 26 de abril de 1922, vindo das famílias Versiani-Maurício;
*Diplomou-se em Medicina (Belo Horizonte/MG), com especialização em Cardiologia;
*Pequeno fazendeiro, chacareiro, fabricante e consumidor da boa pinga Maluquinha;
*Foi político (P.R.) por longos anos;
*Perdidamente apaixonado por serenata, criou o Grupo de Seresta "Lágrimas ao Luar";
*Casou-se com a professora, museóloga, pesquisadora e folclorista Milene Antonieta Coutinho Maurício, com quem teve quatro filhas: Mânia, Nair, Vitória e Liliane, nove netos, oito bisnetos e um tataraneto;
*Foi poeta, improvisador, cronista e contista.
*Teve cinco livros publicados:
. Grotão (Contos) - 1962 - Livraria Itatiaia;
. Taipoca (Contos e crônicas) - 1974 - Imprensa Oficial de Minas Gerais;
. Pássaro na Tempestade (Contos) - 1982 - Imprensa Oficial de Minas Gerais;
. Rua Do Vai Quem Quer (Contos) - 1992 - 2ª edição: Armazém de ideias;
. Janela do Sobrado - Memórias - 1992 - 1ª edição - Editora Arapuim
2ª edição - Editora Unimontes, 2007.;
. Beco da Vaca -(Crônicas e "causos") - 1999 - Editora Arapuim.

Títulos (Alguns):
* Academia Mineira de Letras;
* Academia Montesclarense de Letras (Fundador);
* Academia Mineira de Medicina (Vice-presidente);
* Academia Municipalista de Letras;
* Membro do Instituto Histórico de Medicina (Fundador);
* Fundador e implantador do Ensino Superior no Norte de Minas (Governo Magalhães Pinto);
* Secretário Estadual de Saúde (Governo Francelino Pereira);
* Membro nato do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras;
* Fundador do Prontocor de Montes Claros;
* Fundador de jornais, clubes sociais (Fundador e 1º Vice-Presidente do Pentáurea Clube) e entidades culturais;
* Recebeu todas as medalhas de honrarias do Estado de Minas;
* Foi colaborador (Crônicas) na imprensa de Montes Claros.

Fonte:

* Encarte do livro "Beco da Vaca" - Ed. Arapuim / Edgar Martins Pereira (Jornal de Notícias)


* site do Prof. Dário Cotrim:

http://montesclaroslivros.blogspot.com/2009/07/grotao.html


* Capas dos livros (Prof. Dário Cotrim):

http://livrosnortedeminas.blogspot.com/2010/04/joao-valle-mauricio.html

Foto capa Livro Taipoca:

* Revista Liberdade - Edição Histórica - 2011 -p.20.

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Grupo de Seresta ‘Lágrimas ao luar”-Grupo de Seresta João Valle Maurício -

Lado A

01 – Apresentação
02 – Elvira Escuta – A.D.
03 – Noite Tristonha – D.P.
04 – Gondoleiro do Amor – Castro Alves e Fabrigas
05 – Saudades da Bahia – Godofredo Guedes
06 – Guitarra de Prata – D.P.

Lado B
01 – Ave Maria – Herotides de Campos e Jonas Neves
02 – Última Estrofe – Cândido das Neves
03 – Vivo a Cantar – Nadir Antonio Cunha
04 – Sereno da Madrugada – A.D.
05 – Arrependimento – Gastão Lamounier e Olegário Mariano

- 2007 -

- 1999 -

- 1999 -

- 1992 -


- 1982 -


-1974 -


- 1962 -